quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Porcelana Inglesa !

Pois é,que pena que não é.Nada é.Nada é nada.Todos os momentos são iguais,uns mais outros mais.Não há o que tanto buscamos.Mas o que buscamos? Nem posso falar por tantos,nem por mim.Ela sim,ela é um ser sem poder ser.Como será acordar todas as manhãs, lavar o rosto, ter de tomar um café com um nó na garganta.O pão também não desce,o ônibus não vem, só depois vem.Um dia demora,noutro dia já passou mas sempre vem e sempre vai.É tudo igual.Sempre tudo igual....
Deitar,comer,dormir,acordar.levantar,ter de falar,ser obrigada a ouvir.Você nem quer falar tampouco ouvir mas naquele dia :há sempre um dia,onde parece que tudo conspira contra.Outra noite,outro dia,outra roupa,outra comida,outras pessoas,que vão e que vem sem saber prá onde vão nem porque vem.A vida é só isso ? Porque chamam-na de vida então?Ela foi uma morta-viva.
Ela era uma menina tôla, simplória,pobrezinha,sem irmã,sem carinho,sem saber os porquês de tudo que a rodeava.E nada a rodeava.Mirella era tão leve que ninguem a podia sentir.Ela vagava.Nada sabia das coisas daquele lugar.Ouvia vozes dando -lhe ordens: Faça isso.Faça aquilo.Não faça assim; é assim. Tem de ser assim.Ela tinha no olhar todos os medos medonhos de quem não sabe quem é.A atemporalidade costumeira lhe persegue a mente confusa que a professora ordena,sem saber porque nem para que servirá.Assiste às aulas de Matemática ,sem saber de que lhe servirão a Algebra,os Logorítmos,nem quem foi Pitágoras,ou Einstein,nem se morrerá no dia seguinte,de sarampo,ou de tristeza,doença a qual veio ao mundo.Foi jogada,não era prá ter vindo.O veneno da mãe não fêz efeito,e não havia médicos capazes de praticarem o aborto,e nem havia dinheiro.
Ela tinha consigo as angústias da noites solitárias de alguem que nunca ouviu uma voz humana:Durma bem.Está com frio ?
Ela quebrou a louça de porcelana Inglesa guardada pela mulher como uma relíquia imperial.Seus cabelos quase lhe foram arrancados junto com o pescoço não fôssem os vizinhos; Páre de bater na criança: ela não fêz por querer ! Essa maldita quebrou minha Jarra de porcelana INGLESA !berrava a dona.Dona de todos os bens materiais da casa,e dona de um gênio do mal que só conhecia o ódio,e o desprezo por quem não pertencesse à burguesia aristocrática.E não paráva de espraguejar:: e agora,como poderei consertá-la,quem irá restaurá-la? Mirella chorava sem saber sequer o que significava !" MADE IN ENGLAND " ! E mal sabia tambem que seu coração jamais se restauraria tbem! Nada, nem ninguem conseguiria colar os pedaços de sua pobre alma inquieta e abandonada.Ela era filha das ervas ! Ela era pobre.ela era ninguém.Ela nem era.

Um comentário:

  1. LOLITA
    Seus textos apresentam um grande questionamento filosófico, e eu gosto muito.
    abraços
    Lou

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